
Passámos a viver num mundo em que a simultaneidade e a instantaneidade das imagens não se pode medir apenas (nem sobretudo) pela informação acumulada — até porque muita dessa informação é repetitiva, redundante ou exuberantemente superficial. Este é, afinal, um mundo que promove a ilusão da sua própria transparência. De facto, o planeta apresenta-se-nos como uma espécie de mapa virtual que se expande através do volume crescente de informação, ao mesmo tempo que, paradoxalmente, se reduz a zonas — muitas vezes ecrãs — de consumo cada vez mais rotineiro.
Não podemos (e, a meu ver, não devemos) demonizar a tecnologia. Mas talvez devamos (e, sem dúvida, podemos) fazer um esforço para pensar que mundo é este em que mesmo as mais brutais e anónimas imagens de morte se instalaram nos circuitos íntimos do nosso quotidiano. Pode acontecer-nos tirar um objecto do bolso e ver nele um homem enforcado — literalmente.