Em época de antecipação/previsão/especulação sobre os Oscars, não tenhamos ilusões sobre o destino de Assalto e Intromissão/Breaking and Entering: assombrado pela sua marginalização da corrida para os prémios (com um cast de grandes vedetas, ainda não estreou nos EUA), vai ser um objecto "suspeito", condenado à indiferença quase generalizada que, hoje em dia, se abate sobre os filmes que não têm campanhas fortes ou não arrastam alguma conotação mais ou menos sensacionalista. Aspecto revelador desta conjuntura: o IMDb, site de acumulação de "todas" as informações sobre "todos" os filmes que se fazem, ainda não tem o habitual link para o site oficial deste filme (dia 18 Jan., 09h13m).
Liberto de alguns equívocos conceptuais da "superprodução" (lembremos o relativo falhanço de Cold Mountain, em 2003), Anthony Minghella reaparece, agora, com uma pequena pérola melodramática: Assalto e Intromissão é um exercício de contemplação dos mistérios afectivos que consegue a proeza rara de filmar uma Europa feita de cisões e contrastes, sem sair dos cenários da capital do Reino Unido. Um casal de Londres (Jude Law + Robin Wright Penn) e uma refugiada de Sarajevo (Juliette Binoche) são as peças principais de um xadrez emocional e, afinal, inevitavelmente político em que cada um vai pôr à prova a sua capacidade de relação com a verdade — a verdade dos outros, a verdade de si próprio.
Além do mais, Assalto e Intromissão repõe a mais primitiva das interrogações do cinema, e face ao cinema. Ou seja: por que é que vale a pena ir ao cinema? E a resposta é ainda a mais ancestral: para ver os actores a representar.
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Liberto de alguns equívocos conceptuais da "superprodução" (lembremos o relativo falhanço de Cold Mountain, em 2003), Anthony Minghella reaparece, agora, com uma pequena pérola melodramática: Assalto e Intromissão é um exercício de contemplação dos mistérios afectivos que consegue a proeza rara de filmar uma Europa feita de cisões e contrastes, sem sair dos cenários da capital do Reino Unido. Um casal de Londres (Jude Law + Robin Wright Penn) e uma refugiada de Sarajevo (Juliette Binoche) são as peças principais de um xadrez emocional e, afinal, inevitavelmente político em que cada um vai pôr à prova a sua capacidade de relação com a verdade — a verdade dos outros, a verdade de si próprio.
Além do mais, Assalto e Intromissão repõe a mais primitiva das interrogações do cinema, e face ao cinema. Ou seja: por que é que vale a pena ir ao cinema? E a resposta é ainda a mais ancestral: para ver os actores a representar.