quarta-feira, janeiro 17, 2007

FOTOGRAMAS: As Donzelas de Rochefort, 1967

Nostalgia? Sim, por certo. Mas não para lamentar o que se perdeu. Apenas para dizer que o cinema é também feito destas coisas que já não voltam e, paradoxalmente, perduram. O nome do que perdura é talvez, apenas, o desejo: desejo de Jacques Demy sustentar até às últimas consequências o musical e os seus artifícios; desejo de filmar na grandeza única do formato scope, celebrando as cores, a luz, a sensualidade do mais discreto objecto presente no ecrã; desejo, enfim, das duas irmãs, Catherine Deneuve e Françoise Dorléac, para sempre unidas e separadas por este filme mágico — Françoise viria a falecer num acidente de automóvel, a 26 de Junho de 1967 (contava 25 anos), cerca de três meses depois da estreia. Jacques Demy (1931-1990) é aquele cineasta tantas vezes esquecido que construíu uma obra alicerçada numa obsessão intransigente pelas potencialidades de maravilhamento do cinema. E, em particular, pela possibilidade de inventar um musical genuinamente francês, transfigurando a herança de espectáculo vinda directamente de Hollywood. Por alguma razão, o convidado especial das Demoiselles dá pelo nome de Gene Kelly.

LES DEMOISELLES DE ROCHEFORT / As Donzelas de Rochefort
França, 1967
Realização: Jacques Demy
Produção: Gilbert De Goldschmidt
Argumento: Jacques Demy
Interpretação: Catherine Deneuve, Françoise Dorléac, George Chakiris, Jacques Perrin, Michel Piccoli

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