No princípio há o horizonte de Tóquio e uma silhueta negra que se prepara para saltar... O novo teledisco de Madonna — Jump, dirigido por Jonas Akerlund — é mais um dos seus típicos exercícios de duplicidade figurativa: Madonna dança num cenário específico (meio-ginásio/meio-paisagem urbana), alternando com cenas de personagens que saltam sobre os ícones da cidade, desafiando a força da gravidade e promovendo o artifício do espectáculo. Mas há, desta vez, uma diferença nada secundária: ao ontrário da sua própria tradição (lembremos a matriz fundadora de Material Girl), Madonna não circula entre os vários lugares do teledisco, mantendo-se no seu pequeno espaço dançante, quase claustrofóbico. É um sintoma de contenção, como quem programa o seu sereno envelhecimento. Retirada? Não, apenas um frio realismo. É tudo genuíno, mesmo se a muito comentada cabeleira loura é postiça.
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