quarta-feira, agosto 09, 2006

Memórias de Superman / Christopher Reeve

Agora que está a chegar uma nova aventura de Superman — Super-Homem: O Regresso, de Bryan Singer, com Brandon Routh (estreia: 10 de Agosto) —, valerá a pena lembrar o filme que inaugurou a "idade moderna" deste herói da BD no cinema: Superman (1978), de Richard Donner.
E vale a pena, sobretudo porque o filme de Donner não se limitou a revelar ao mundo aquele que, a meu ver, continua a ser a mais perfeita encarnação cinematográfica de Superman: Christopher Reeve (1952-2004). Importa lembrar também que Superman se afirmou como um título fundamental numa altura de acelerada conversão da grande indústria e, para o melhor e para o pior, de triunfo dos novos valores artísticos e comerciais decorrentes da prática e teoria do blockbuster.
Surgido três anos passados sobre Tubarão (o primeiro blockbuster), de Steven Spielberg, e um depois de A Guerra das Estrelas, de George Lucas, Superman foi, formalmente, uma espécie de ambíguo blockbuster: um filme que integrava algumas das novas técnicas de efeitos especiais para garantir o voo do seu herói (dizia o cartaz do filme: "Você vai acreditar que um homem pode voar") e, ao mesmo tempo, tentava (e conseguia) preservar todo um sentimento primitivo e romanesco da personagem criada por Jerry Siegel e Joe Shuster — personagem que continua a ser um dos trunfos mais fortes da DC Comics —, nomeadamente na encenação da duplicidade de Clark Kent/Superman. Nesta perspectiva, o Superman de Richard Donner, mais do que uma figura "futurista", persiste como uma memória terminal da tradição clássica dos heróis — ou da tradição dos heróis clássicos.

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