Chama-se Sofia (Sook-Yin Lee) e vive numa Nova Iorque pós-11 de Setembro, um mundo de muitas globalizações e infinitas intimidades, relações que transportam memórias do passado e avaliam hipóteses de futuro. Sofia é conselheira sexual e, um belo dia (logo na primeira cena do filme), confessa-se a um par de homens que veio a uma das suas consultas: fala da sua vida "feliz" e também do facto de nunca ter experimentado um orgasmo... Enfim, o prazer não é uma obrigação (a não ser no mundo deprimente e formatado do Big Brother), mas algo diz a Sofia que há contradições entre a sua vida vivida e o seu imaginário, entre o que sente e o que imagina poder sentir...
Drama? Humor? Um calculado cruzamento de uma coisa e outra num dos mais belos — e também mais desconcertantes — filmes recentemente chegados às salas portuguesas: chama-se Shortbus, passou no Festival de Cannes de 2006 (selecção oficial, extra-competição) e tem assinatura de James Cameron Mitchell, nascido em El Paso, Texas, 1963, figura marcante da produção independente americana, realizador de Hedwig - A Origem do Amor (2001) e produtor executivo de Tarnation (2003), de Jonathan Caouette.
Como já que aqui se escreveu, Shortbus corre o risco, simultaneamente mediático e moralista, de ser reduzido a um filme "sobre sexo". Não que os temas e as imagens da sexualidade não sejam importantes no filme. Mas será sempre simplista catalogar dessa maneira uma narrativa tão densa e multifacetada e, sobretudo, tão empenhada em encontrar uma espécie de realismo ambíguo, capaz de integrar a dimensão onírica dos desejos. Afinal de contas, como se sugere num dos seus cartazes (com uma forma fálica recheada de muitas personagens, masculinas e femininas), há aqui um jogo de verdade e ironia que é também um método de prospecção dos desejos e dos seus enigmas.
John Cameron Mitchell é, certamente, um dos primeiros a ter consciência do modo como o seu filme desafia todas as visões acomodadas (mais ou menos telenovelescas) das relações amorosas e sexuais. Vale a pena, por isso, ver o trailer de Shortbus, tanto mais que ele próprio faz questão em apresentar o seu filme — sem escamotear algo de muito simples: é um filme adulto, para adultos.
Drama? Humor? Um calculado cruzamento de uma coisa e outra num dos mais belos — e também mais desconcertantes — filmes recentemente chegados às salas portuguesas: chama-se Shortbus, passou no Festival de Cannes de 2006 (selecção oficial, extra-competição) e tem assinatura de James Cameron Mitchell, nascido em El Paso, Texas, 1963, figura marcante da produção independente americana, realizador de Hedwig - A Origem do Amor (2001) e produtor executivo de Tarnation (2003), de Jonathan Caouette.
Como já que aqui se escreveu, Shortbus corre o risco, simultaneamente mediático e moralista, de ser reduzido a um filme "sobre sexo". Não que os temas e as imagens da sexualidade não sejam importantes no filme. Mas será sempre simplista catalogar dessa maneira uma narrativa tão densa e multifacetada e, sobretudo, tão empenhada em encontrar uma espécie de realismo ambíguo, capaz de integrar a dimensão onírica dos desejos. Afinal de contas, como se sugere num dos seus cartazes (com uma forma fálica recheada de muitas personagens, masculinas e femininas), há aqui um jogo de verdade e ironia que é também um método de prospecção dos desejos e dos seus enigmas.
John Cameron Mitchell é, certamente, um dos primeiros a ter consciência do modo como o seu filme desafia todas as visões acomodadas (mais ou menos telenovelescas) das relações amorosas e sexuais. Vale a pena, por isso, ver o trailer de Shortbus, tanto mais que ele próprio faz questão em apresentar o seu filme — sem escamotear algo de muito simples: é um filme adulto, para adultos.