No ano do centenário do nascimento de Luchino Visconti (nasceu a 2 de Novembro de 1906, em Milão; faleceu em Roma, a 17 de Março de 1976), duas entidades portuguesas muito activas no campo da divulgação dos clássicos — a distribuidora Costa do Castelo e a exibidora Medeia Filmes — promovem aquela que é, desde já, uma das grandes reposições de 2006: O Leopardo, filme que Visconti dirigiu em 1963, adaptando o romance de Giuseppe Tomasi di Lampedusa sobre as convulsões sociais e políticas na Sicília de meados dos século XIX, em pleno Risorgimento italiano. Na personagem de Don Fabrizio, Príncipe de Salina (Burt Lancaster), ecoam todas as contradições de um tempo em que a emergência de novos valores coexiste com a lenta decomposição de um mundo alicerçado em regras, crenças e afectos que a história, implacável, vai decompor. Visconti observa tudo isso com a paixão de um homem crente no progresso e, ao mesmo tempo, seduzido por um tempo aristocrático cujo encantamento não é possível apagar. Nessa medida, O Leopardo é uma síntese admirável entre o romanesco literário, a dramaturgia teatral e o apelo trágico da música — que é como quem diz: cinema em estado puro.
Distinguido com a Palma de Ouro do Festival de Cannes (1963), O Leopardo seria dobrado em inglês e amputado em 24 minutos (de 185 para 161) pela respectiva distribuidora internacional (20th Century Fox). A versão original de Visconti, com diálogos em italiano, só foi objecto de restauro nos anos 80 — é essa versão que, agora, chega ao mercado português (fora exibida entre nós apenas uma vez, pela Cinemateca). Com a chancela da Criterion Collection, existe desde 2004 uma edição de O Leopardo em DVD que inclui as duas versões em dois discos e, num terceiro disco, vários trabalhos sobre o filme e o seu restauro, incluindo o documentário A Dying Breed: The Making of 'The Leopard', no qual são entrevistados, entre outros, Claudia Cardinale (actriz), Suso Cecchi D'Amico (argumentista) e Giuseppe Rotunno (director de fotografia).
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Distinguido com a Palma de Ouro do Festival de Cannes (1963), O Leopardo seria dobrado em inglês e amputado em 24 minutos (de 185 para 161) pela respectiva distribuidora internacional (20th Century Fox). A versão original de Visconti, com diálogos em italiano, só foi objecto de restauro nos anos 80 — é essa versão que, agora, chega ao mercado português (fora exibida entre nós apenas uma vez, pela Cinemateca). Com a chancela da Criterion Collection, existe desde 2004 uma edição de O Leopardo em DVD que inclui as duas versões em dois discos e, num terceiro disco, vários trabalhos sobre o filme e o seu restauro, incluindo o documentário A Dying Breed: The Making of 'The Leopard', no qual são entrevistados, entre outros, Claudia Cardinale (actriz), Suso Cecchi D'Amico (argumentista) e Giuseppe Rotunno (director de fotografia).