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Foi numa das suas raras actuações que um elemento dos Fairport Convention o viu e recomendou ao produtor Joe Boyd, que logo o apadrinhou e conseguiu um contrato através da atenta Island Records, de Chris Blackwell. Sob produção do próprio baixo, com colaborações de Richard Thompson (Fairport Convention) e Danny Thompson (Pentangle), e os subtis mas determinantes arranjos para cordas e sopros de Robert Kirby (antigo colega na universidade), Nick Drake gravou em 1969 um disco que ainda hoje é absoluta referência no universo dos cantautores. Five Leaves Left, título que alude à chamada de atenção de que faltam apenas cinco folhas numa caixinha de mortalhas, apresenta uma música que revela um fortíssimo sentido melódico, uma voz sedutora, quente e tranquila, um sentido de atmosfera encantador e uma poética que traduzia, logo nos primeiros tempos, as temáticas centrais em Drake: melancolia, solidão, amores frustrados e morte.
Apesar de ignorado na época, o álbum motivou a construção de um segundo disco, Bryter Later (1970) mais arrojado. Mas o insucesso de ambos, uma vida ainda (e sempre) solitária e a mudança de Boyd para a América deixaram Nick Drake entregue a uma depressão da qual deu primeiros sinais no álbum de despedida Pink Moon (1972), ao qual se seguiu retirada para casa dos pais, onde morreu com overdose (crê-se hoje que acidental) de medicamentos anti-depressivos a 26 de Novembro de 1974. As gerações que se seguiram descobriram o talento de Drake e hoje é unanimemente tido como um dos mais completos e inspirados cantautores de sempre, com fieis seguidores em multidões que nos seus cantos sobre a solidão encontram uma cartilha de identificação.
Nick Drake “Five Leaves Left” (Island, 1969)
Se gostou, experimente:
David Sylvian “Secrets Of The Beehive” (1987)
Jeff Buckley “Grace” (1994)
Elliott Smith “XO” (1998)