Num momento em que uma série de bandas aceitam como incontornável a herança de uns Human League e os Heaven 17 se preparam para regressar aos discos, surge em cena um documentário sobre a agitação musical que a cidade de Sheffield viveu em finais de 70. A cidade protagonizou uma história pós-punk distinta das demais congéneres inglesas, ao tomar como protagonistas as electrónicas, a influência dos Kraftwerk e uma política de construção de sintetizadores “do it yourself” que respiravam o mesmo sentido de rebeldia que, noutros lados, se materializava ao som de uns Clash, Buzzcocks ou Damned. O filme, Made In Sheffield, com o subtítulo The Birth Of Electronic Pop, é assinado por Eve Wood e inclui, além de muitas imagens de actuações na época (de nomes esquecidos como Vive Versa ou Artery) e entrevistas recentes com Phil Oakey, Joanne Catherall e Susan Sully (Human League), Matyn Ware e Ian Craig Marsh (The Future, Human League e Heaven 17), Jarvis Cocker (Pulp), Stephen Singleton (ABC), Chris Watson (Cabaret Voltaire) ou John Peel, entre outros. É um documento simples e incisivo sobre uma manifestação de criatividade e de vontade em contrariar um destino quase inevitável nas fábricas de aço da uma Sheffield mergulhada nos dias de angústia que caracterizaram a Inglaterra de finais de 70. E, claro, uma janela para uma materialização diferente do ideário punk, que gerou heranças que ainda hoje se projectam na música que se faz.
Este documentário vai ser distribuído em DVD entre nós em Janeiro pela Ananana que, de resto, assegurou a representação entre nós do catálogo da Plexifilm no qual, além deste documentário, encontramos filmes sobre Robert Moog, os Low, a editora Saddle Creek e um olhar de David Byrne sobre rituais musicais e religiosos do Brasil crioulo actual.
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