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Nos flash backs quase somos conquistados. Vemos os Rolling Stones nos seus primeiros concertos ensopados a blues, as suas sessões de estúdio, espectáculos mais adiante, sob gritaria de fãs, ou a viagem a Marrocos onde Jones perde para Keith Richards a namorada sueca, mas ganha uma sessão de gravações com os Master Musicians of Jajouka (de onde nasceria o primeiro disco de world music enquanto espaço de curiosidade musical exótica). A recriação histórica (guarda roupa, cenografia, banda sonora) é notável. O próprio Leo Gregory faz um Brian Jones visualmente convincente ao primeiro olhar, contudo falta-lhe o carisma que o músico exalava e, culpa do argumento, não nos permite um mergulho interior na figura que retrata, tendo o espectador de se contentar com um resvalar de imagens de superfície.
Baseado no recentemente publicado Who Killed Christopher Robin? (Brian Jones vivia na mansão onde nasceram as histórias de Winnie The Pooh), de Terry Rawlings, o filme aceita a tese do assassinato de Brian Jones por Frank Thorogood, que este terá confessado no leito de morte, em 1993. Pouca surpresa, num filme que deveria ter contado ao mundo o génio musical de um dos grandes da pop de 60. De resto, quem vir o filme sem saber da história dos Rolling Stones ficará a pensar que Brian Jones era uma figura secundária e musicalmente inconsequente no seio da banda e não entenderá como certas drogas tiveram consequência num desviar do rumo da música dos Rolling Stones, entre 1965 e 67. Ou seja, uma oportunidade perdida. Não admira que, ao cabo de duas semanas, o filme esteja ja de saída das salas londrinas...