Pode uma canção começar uma revolução? Pode, sim! Na verdade, havia já uma pré-história em Nova Iorque que, das manifestações primordiais de energia de uns Stooges ou New York Dolls, à condução de transformações que, no East Village de meados de 70 (entre um fanzine histórico e uma nova geração de bandas, Ramones, Patti Smith, Television), colocou o nome punk no mapa. Aos Sex Pistols (e seu visionário, e esperto, manager Malcolm McClaren) coube a transformação de pistas bem assimiladas numa nova e definitiva etapa de uma revolução que mudou o curso da história da música popular. Formados em 1975, eram já conhecidos pela sua atitude rápida e rude, musicalmente primária e directa (na melhor filosofia "todos podemos ter uma banda"). Pose nilística e violenta em palco, imagem oposta à das tradicionais estrelas rock, primeiros entusiasmos na imprensa musical, uma intrervenção terrorista na Thames TV e logo depois uns cabeçalhos de escândalo na imprensa generalista... e os jovens ingleses não podiam querer mais! A EMI contrata os Sex Pistols em finais de 1976 e, apesar do avanço, é uma banda quase falida que assiste, no dia de Natal, à entrada de Anarchy In The UK, o seu primeiro single na tabela de vendas. Incomodada na sua fundação conservadora pelo acumular de escândalos, a EMI despede a banda em Janeiro de 77, e o single cai da tabela. Mas os dados estavam lançados e meses depois, com novo acordo discográfico (e uns milhares de libras no bolso), os Sex Pistols viam God Save The Queen a chegar ao número um. E, por essa altura, nada podia parar a revolução punk.
SEX PISTOLS "Anarchy In The UK" (EMI, 1976)
Lado A: Anarchy In The UK (Cook/Jones/Matlock/Rotten)
Lado B: I Wanna Be Me (Cook/Jones/Matlock/Rotten)
Prdução: Chris Thomas
Posição mais alta no Reino Unido: 27
Não teve edição em Portugal
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