Manô é o título de um novo filme português e tam-bém o nome de uma personagem do cinema mudo que «cai» no nosso mundo — e não é fácil ser de celulóide, a preto e branco, sem voz para falar... O pressuposto é curioso, mesmo não sendo completamente original. Além do mais, o tratamento da figura central (interpretada pelo próprio realizador, George Felner) tira partido nos novos recursos digitais para fazer coexistir na mesma imagem o espectro frágil de Manô e as personagens de carne e osso. Infelizmente, o filme tem algumas ideias burlescas e poéticas para sustentar a figura de Manô e muito poucas para gerir tudo o que se passa à sua volta. O par dos seus «salvadores» (Adelaide de Sousa/Diogo Infante) está mesmo reduzido a uma funcionalidade cómica (?) que vai dispersando o filme daquilo que seria, de facto, a sua força: uma evocação cinéfila do engenho e ingenuidade do cinematógrafo. Canto e Castro está presente naquele que seria o seu derradeiro trabalho de interpretação. Manô é uma produção da Costa do Castelo (dirigida por Paulo Trancoso), empresa que tem mantido também uma actividade meritória no campo do DVD — informações, imagens e um pequeno exercício de animação sobre a figura de Manô encontram-se no site oficial do filme.
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