A arte de F. W. Murnau (1888-1931) é um território imenso ao qual é possível regressar sempre, num misto de deslumbramento e surpresa. Daí que importe lembrar o mais simples: a reposição do seu Aurora (1927), neste Outono de 2005, é muito mais do que o regresso de uma curiosidade «antiga», porventura para ser olhada como objecto de um kitsch mais ou menos datado. Nada disso: estamos perante um título chave da história de todo o cinema, um desses filmes de génio que, no período mudo, ajudaram a consolidar o cinema como linguagem específica e, ao mesmo tempo, através da sua viagem pelas mais subtis emoções humanas, impuseram o género melodramático.
História de um casal — Janet Gaynor / George O'Brien — cujo amor vai ser posto à prova pela emergência de um terceiro elemento (a «mulher da cidade» interpretada por Margaret Livingston), Aurora pode ser visto (ou revisto) como um caso modelar através do qual o cinema integrava e, sobretudo, superava a herança de duas artes: o teatro e a pintura. Murnau faz triunfar um sentido de narrativa que correspondia à singularíssima afirmação da linguagem cinematográfica. Quase oitenta anos depois, a beleza permanece.
No contexto actual, importa deixar dois destaques complementares: primeiro, Aurora inaugura uma nova fase da programação de uma sala emblemática de Lisboa, o Nimas (sala Medeia/Millenium), agora vocacionada, justamente, para os clássicos; depois, o filme de Murnau traz a chancela de distribuição da Costa do Castelo, empresa que, sobretudo no DVD, continua a dar um contributo importante para a (re)descoberta das mais variadas memórias cinematográficas.
MAIL
História de um casal — Janet Gaynor / George O'Brien — cujo amor vai ser posto à prova pela emergência de um terceiro elemento (a «mulher da cidade» interpretada por Margaret Livingston), Aurora pode ser visto (ou revisto) como um caso modelar através do qual o cinema integrava e, sobretudo, superava a herança de duas artes: o teatro e a pintura. Murnau faz triunfar um sentido de narrativa que correspondia à singularíssima afirmação da linguagem cinematográfica. Quase oitenta anos depois, a beleza permanece.
No contexto actual, importa deixar dois destaques complementares: primeiro, Aurora inaugura uma nova fase da programação de uma sala emblemática de Lisboa, o Nimas (sala Medeia/Millenium), agora vocacionada, justamente, para os clássicos; depois, o filme de Murnau traz a chancela de distribuição da Costa do Castelo, empresa que, sobretudo no DVD, continua a dar um contributo importante para a (re)descoberta das mais variadas memórias cinematográficas.