quarta-feira, outubro 22, 2008

Ser ou não ser... Bush

"Senador Obama, eu não sou o Presidente Bush: se queria competir com o Presidente Bush, devia ter-se candidatado há quatro anos" — estas palavras contundentes de John McCain marcaram o terceiro e último debate antes das eleições de 4 de Novembro. Aconteceu assim.



Foi um bom momento de retórica política, sem dúvida. Aliás, a campanha de McCain apostou forte no tema, tendo mesmo produzido um sugestivo cartaz que pede: "Digam a Obama que não estamos em 2004" [reproduzido em cima, à direita]. Resta saber o que mais se pode fazer com as palavras. E a campanha de Obama respondeu com o video que se pode ver aqui em baixo — lição exemplar: as palavras, sobretudo as palavras políticas, carecem sempre de algum contexto para serem compreendidas em todas as suas implicações.

Paris em St Albans

São um trio de St Albans (pequena cidade a Nordeste de Londres), e representam a expressão “crescida” de uma aventura pós-hardcore que uniu os três músicos ainda nos dias de escola. Como Friendly Fires trabalham desde que saíram da universidade, reflectindo o grupo a soma de gostos que vão da música electrónica às genéticas de um Prince ou uns Talking Heads, com presença ainda evidente de um interesse pelo melodismo bem recheado da geração shoegazer. Editaram já três EPs, um álbum (ao qual muito simplesmente deram o seu nome) e dois singles, o mais recente dos quais este Paris.

Quem canta em vez de Scott Walker?

Foi questão que muitos levantaram quando se soube dos concertos marcados para o Barbcican, em Londres, entre os dias 13 a 15 de Novembro, nos quais será apresentada ao vivo a música de Scott Walker. Questão justificada porque, desde logo, o próprio Scott Walker fez saber que não iria aparecer em palco. A resposta chegou, entretanto. E as vozes para Drifting and Tilting: The Songs Of Scott Walker não serão mais nem menos que as de Damon Albarn, Jarvis Cocker, Dot Allison e Gavin Friday. Não o substitiuem, é certo. Mas a plateia não vai ficar mal servida!

Adiante, mas no passado

Foram divulgadas novas imagens do novo filme Star Trek, que conta na realização com a promissora presença de J.J. Abrams, o criador de Lost. O filme, que tem estreia marcada para Maio de 2009, é o 11º da série e deverá reflectir o desejo da Paramount em dar novo ânimo a uma das suas mais bem sucedidas sagas. Simplesmente intitulado Star Trek, o filme recua no tempo aos dias em que a tripulação original (a da série dos anos 60 e dos primeiros seis filmes) estudava na Star Fleet Academy. O novo elenco, rejuvenescido (em baixo a comparação entre os actores da série original e os novos recrutas ao servilo da Enterprise), não representa a única novidade. O design de interiores da Enterprise é substancialmente distinto do que conhecíamos. E na construção da história, que coube a Roberto Ortzi e Alex Kutzman (ambos com (ambos com experiência em séries como Xena ou Alias), foram introduzidos conceitos sobretudo explorados em romances baseados na série, nomeadamente a ideia da viagem no tempo. Os maus da fita, romulanos desta vez, chegam do futuro...

Além desta equipa de novos actores, o filme incluirá uma breve participação de Leonard Nimoy, que recriará um Spock que chegará do futuro para contactar consigo mesmo no passado. Não é a primeira vez que uma personagem de outra "geração" reaparece num filme ou num episódio. William Shatner, por exemplo, revisitou Kirk no filme que levou pela primeira vez a "geração seguinte" ao grande ecrã. DeForrest Kelley surgiu como McCoy no primeiro episódio de Star Trek: The Next Generation. E, algumas épocas depois, o mesmo acontecia com James Doohan, em segunda vida de Scotty.



Este foi o primeiro trailer do novo Star Trek, apresentado juntamente com Cloverfield. Note-se que indica estreia para o Natal de 2008, data entretanto adiada para Maio de 2009 pela Paramount. Um novo trailer é esperado com o novo filme de James Bond, Quantum of Solace, que estreia dentro de duas semanas.

Eels em vinil e em 'download' gratuito

Os Eels vão editar, no final deste mês, uma versão em vinil do álbum Blinking Lights and Other Revelations. O disco, numa edição limitada de 2500 exemplares, surgirá num álbum triplo, numa caixa na qual será incluído um álbum bónus, com a gravação de um concerto registado em Manchester em 2005, no qual a banda é acompanhada em palco por um ensemble de cordas. Para cativar atenções para este lançamento, o grupo está a oferecer, através do seu site, um EP no qual reúne quatro temas do concerto ao vivo acima referido. Fresh Feeling, Packing Blankets, Jeannie’s Diary e Climbing To The Moon são os temas deste EP ao vivo, que pode ser encontrado aqui.

Uma nova Pantera para 2009

E voltou tudo ao princípio!... Que é como quem diz: encerrada há muito a história de Peter Sellers como Inspector Clouseau (com A Vingança da Pantera Cor de Rosa, em 1978), assumiu-se que o filme de 2006 — A Pantera Cor de Rosa, com Steve Martin — marcava o início de um novo capítulo. Daí que se anuncie The Pink Panther 2, de novo sob o signo de Steve Martin, desta vez com realização entregue a Harald Zwart. Estreia em Fevereiro de 2009: dia 6 nos EUA, dia 19 em Portugal — para já, o cartaz é magnífico e o primeiro trailer uma pequena delícia.

terça-feira, outubro 21, 2008

Madonna pré-Madonna

Andrew Morton, biógrafo (não autorizado) de Madonna, obteve gravações de algumas das suas primeiras aventuras musicais. É um testemunho, cru e fascinante, dos primeiros tempos de Madonna em Nova Iorque: são sons breves, experimentais e imperfeitos, com mais de um quarto de século, registados por Ed Gilroy e o seu irmão Dan, então namorado de Madonna — os três partilhavam a cave de uma sinagoga abandonada, em Queens.
Morton deu a conhecer esses registos através do site The Daily Beast, tendo tido o cuidado de fazer uma montagem que recupera extractos da intervenção de Madonna na cerimónia de consagração no Rock and Roll Hall of Fame, no passado dia 10 de Março, precisamente quando ela evoca as emoções desses tempos artisticamente primitivos — vale a pena escutar.

O Iraque nas imagens dos EUA

Esta é uma imagem de Censurado/Redacted, de Brian De Palma, um dos mais brilhantes filmes americanos sobre a guerra do Iraque, ou melhor, sobre as suas imagens — este texto foi publicado no Diário de Notícias (20 de Outubro), com o título 'Revendo memórias da guerra do Iraque'.

Para o melhor ou para o pior, a gestão das imagens dos candidatos tem sido um elemento fulcral da campanha presidencial nos EUA (como em todos os países democráticos, acrescente-se). Dos spots publicitários de Obama e McCain ao piscar de olho de Sarah Palin, tudo adquire uma importância enorme nesse bailado mediático entre aquilo que nos é dado ver e o que percebemos ou julgamos perceber. Está a chegar, aliás, o prodigioso filme W., de Oliver Stone, sobre o ainda Presidente Bush (estreia dia 23), precisamente uma visão acutilante da desproporção entre a vida interior da política e a sua percepção exterior.
Um dos filmes americanos mais subtis na abordagem desta peculiar existência contempo-rânea das imagens chama-se Censurado e já está disponível no mercado do DVD, depois de um lançamento ultradiscreto, nas salas, em finais de 2007. Escrito e dirigido por Brian De Palma, o filme retoma uma das sua obsessões temáticas: a distância, ou melhor, a diferença entre os efeitos que as imagens podem desencadear e as condições originais da sua própria produção. Essa é, afinal, uma questão que passa por títulos tão diversos como Obsessão (1976) Blow Out (1981) e Os Olhos da Serpente (1998). Isto sem esquecermos, claro, que De Palma assinou também esse verdadeiro símbolo das festivas ambivalências do espectáculo que é Missão Impossível (1996).
Censurado parte de um episódio da guerra do Iraque, protagonizado por um grupo de soldados americanos que, na zona de Samarra, violaram e mataram uma jovem, depois massacrando toda a família. O filme é menos sobre a lógica da guerra enquanto facto político e mais sobre a sua percepção interior. Mais concretamente, De Palma organiza o seu filme como se fosse uma remontagem (é esse, aliás, o sentido do título original Redacted) de imagens registadas, em grande parte, pelos próprios soldados ou provenientes de noticiários televisivos sobre aquela ocorrência específica.
Trata-se, antes de tudo o mais, de reflectir sobre o modo como muitas existências contem-porâneas, por exemplo através das câmaras de video ou dos blogs, se desenvolvem como um bizarro jogo de espelhos: dir-se-ia que não se procuram imagens para se mostrar como se vive, antes se vive (quase exclusivamente) para produzir imagens de experiências que... só existem através das imagens. Será que esta vertigem nos faz perder a própria noção de realidade?
À excepção de algumas fotografias da guerra, mostradas no final, Censurado não deixa de ser um elaboradíssimo filme de ficção, com imagens concebidas e registadas pelo próprio De Palma (que dá conta, aqui, de um ponto de vista profundamente desencantado em relação à lógica e aos efeitos da intervenção militar americana no Iraque). Seja como for, nada disso impede que o filme vá gerando um perturbante efeito documental. Dir-se-ia que assistimos ao registo “amador” de uma experiência cujo sentido, a pouco e pouco, vai escapando aos próprios protagonistas. E talvez seja esse, afinal, o significado mais extremo do trabalho de De Palma: o de uma perda de conhecimento decorrente do excesso de imagens que recebemos ou fabricamos.

Monstros e companhia

Aos seis anos de vida, o duo londrino Psapp está ainda longe de ser um caso de reconhecimento geral, até mesmo entre os cultores da estimulante cena indie. O novo disco pode, finalmente, fazer a diferença. The Camel’s Back deixa para segundo plano os devaneios com sons (que lhes valeram já o rótulo de “toytronica”) e aponta azimutes à canção. O single de avanço, Monster Song, é um bom exemplo do que podemos esperar neste álbum. Aqui fica o teledisco:

Long Blondes separam-se

Os Long Blondes anunciaram a sua separação. Segundo anunciou o grupo no seu MySpace, o fim terá por motivo central a saúde do guitarrista, na sequência de um acidente vascular há alguns meses. A separação dos Long Blondes é assinalada com a edição de uma compilação, ontem editada, à qual chamaram simplesmente Singles.