terça-feira, março 15, 2022

Jorge Silva Melo (1948 - 2022)

[ Artistas Unidos ]

Actor, encenador teatral, realizador de cinema, escritor, pensador do Portugal que somos e não somos, Jorge Silva Melo faleceu no dia 14 de março, no Hospital dos Lusíadas, em Lisboa — contava 73 anos.
O Teatro da Cornucópia, fundado com Luís Miguel Cintra em 1973, e os Artistas Unidos, entidade produtora surgida em 1995, onde dirigiu e produziu quase três centenas de espectáculos, são duas referências fulcrais na trajectória de Jorge Silva Melo. De qualquer modo, estão longe de esgotar a pluralidade da sua intervenção artística, também repartida pelo cinema e pela escrita.
Realizou filmes como Passagem ou a Meio Caminho (1980), Ninguém Duas Vezes (1984) e António, Um Rapaz de Lisboa (2002), este último tendo como base a sua peça homónima, estreada em 1995. António Palolo, Ângelo de Sousa e Fernando Lemos são alguns dos artistas plásticos que retratou em documentários. Como actor, surgiu em filmes de Manoel de Oliveira, Paulo Rocha e João César Monteiro, entre outros.
Luigi Pirandello, Bertold Brecht, Heiner Müller, Jon Fosse e Spiro Scimone são apenas alguns dos autores que encenou. Foi também tradutor de obras de autores como Pier Paolo Pasolini, Georg Büchner e Heiner Müller. E escreveu Deixar a Vida (2002), O Século Passado (2007) e A Mesa Está Posta (2019).
Em todas as frentes do seu trabalho, Jorge Silva Melo discutiu, pensou e reencenou as linguagens com que dizemos que vemos ou entendemos o mundo. A sua preciosa herança leva-nos a discutir os sobressaltos individuais da consciência e, nessa medida, também a dramática existência de uma possível consciência colectiva.

>>> 21-03-2019, Dia Mundial da Poesia: poema de Sofia de Mello Breyner Andresen lido por Jorge Silva Melo.
 

>>> Obituário no Diário de Notícias.