Objecto central no interminável combate com os limites do nosso imaginário de redenção, eis um álbum sempre presente, capaz de refazer o labirinto do tempo para o tempo em que, ciclicamente, o reencontramos — Nevermind, segundo registo de estúdio dos três que os Nirvana editaram, foi lançado no dia 24 de setembro de 1991, faz hoje 30 anos.
Há um pré-Nevermind, como há um pós-Nevermind. Como se fossem, de facto, os últimos dias de um estado de corpo e espírito que, em 1994, a morte de Kurt Cobain, aos 27 anos, viria sancionar com a crueldade da história e a imponderabilidade do mito — a sua mensagem sem mensageiro foi filmada por Gus Van Sant no bem chamado Last Days (2005).
Dizer que toda a revolta do grunge desagua aqui, expondo o seu radicalismo e a sua inconsolável fragilidade, é pouco. No limite, canções como Come As You Are ou Lithium são breves e contundentes antologias de uma ideia de adolescência que já integrou o fantasma de morte que, desde o início, a assombrava — Smells Like Teen Spirit, ontem e hoje. Poupemos a invocação do futuro.