À Bout de Souffle / O Acossado (1959) |
Figura emblemática da Nouvelle Vague, símbolo de uma certa ideia francesa de ser actor, Jean-Paul Belmondo faleceu no dia 6 de setembro — contava 88 anos.
Não haverá muitos actores na história do cinema europeu que, de forma tão cristalina, simbolizem a própria arte de transfiguração perante uma câmara de filmar. Ou, mais exactamente, a procura de uma certa neutralidade que, em última instância, compromete o cinema com a identidade de quem o faz e de quem o vê.
Formado no teatro, consagrado pela Nova Vaga francesa — incluindo dois títulos fundamentais de Jean-Luc Godard: O Acossado (1959) e Pedro, o Louco (1965) — foi um desses actores, figura "maior que a vida", cuja carreira nem sempre reflectiu as suas potencialidades. Daí que a sua decisão de se tornar também produtor, no começo dos anos 70, tenha tido um efeito paradoxal, mesmo contraditório: por um lado, permitiu-lhe protagonizar alguns (poucos) títulos realmente ousados, com inevitável destaque para Stavisky (1974), retrato de um escândalo financeiro entre as duas guerras mundiais, dirigido com mão de mestre por Alain Resnais; por outro lado, levou-o a acumular aventuras em tom menor (exemplo: Polícia ou Ladrão, 1979, de Georges Lautner) que, em boa verdade, o conduziram a um metódico afastamento da profissão.
Em qualquer caso, foi em 1988 que recebeu um César de melhor actor, pelo seu trabalho em Itinerário de uma Vida, de Claude Lelouch. Dois anos mais tarde, na sequência de um regresso aos palcos, obteve enorme sucesso, numa sala de Paris, com Cyrano de Bergerac — a performance foi filmada e existe em telefilme.
>>> Cena do começo de À Bout de Souffle/O Acossado.
>>> Com Anna Karina, em Pedro, o Louco.
>>> Trailer de Stavisky.
>>> Entrevista sobre Stavisky, em 1974.
>>> Momentos de culto (Le Monde).
>>> Obituário na revista Le Point.
>>> Jean-Paul Belmondo na Unifrance.