domingo, dezembro 27, 2020

A omnipresença da pandemia
ou o império da emoção

GEORGE GROSZ
Pessoas
1919

A. Hiper-saturação do social pelas emoções: não é um efeito directo da pandemia, antes uma componente cultural — nada mais cultural que o mediático, sobretudo o televisivo — que a omnipresença do vírus veio empolar até ao mais irracional delírio.

B. A saber: tudo se pode converter em manifestação discursiva de alguma emoção, emoção essa que é apresentada, tratada e incensada como uma verdade sem contradições, mecânica no funcionamento, compulsiva na aceitação.

C. Em nome da emoção quase tudo se transfigura em arma ideológica, tudo pode adquirir o valor de uma normalização inquestionável. Ninguém arrisca, politicamente, problematizando a vivência unilateral da democracia através da emoção e do seu imperialismo cognitivo.