Assim se faz a história — do cinema, das imagens, para lá do cinema e das imagens, aí onde a escolha de uma linguagem envolve uma postura existencial, uma hipótese política, uma reconfiguração dos modos de existir, pensar e fazer política. Dito de outro modo: Jean-Luc Godard acedeu às delícias do Instagram, mantendo um diálogo de um pouco mais de hora e meia na conta da ECAL [École Cantonale d'Art de Lausanne]. Conversando com Lionel Baier, responsável pelo departamento de cinema da ECAL, Godard dissertou a partir da nossa situação de confinamento, lembrando sempre a escassez da língua para dar conta dos nossos actos e, por isso mesmo, a importância do gesto como algo que está além (ou aquém) da palavra. Além do mais, ficámos a saber que Niépce é assunto do seu próximo filme. Eis um novo objecto: filme-telefonema-lição.