quarta-feira, setembro 26, 2018

Helena Almeida (1934 - 2018)

Pintura habitada
(1975)
Nome fundamental da arte portuguesa do último meio século, Helena Almeida faleceu no dia 25 de Setembro, na sua casa de Sintra — contava 84 anos.
O título da sua exposição em Serralves, 2015, pode resumir a subtil intensidade da sua obra: 'A minha obra é o meu corpo, o meu corpo é a minha obra'. Por um lado, da pintura à fotografia, o seu universo questiona incessantemente essa ambivalência moderna que se desenha entre corpo e identidade, de algum modo ecoando o princípio de trabalho de Roland Barthes, quando definia o prazer do texto como esse momento "em que o meu corpo vai seguir suas próprias ideias, porque o meu corpo não tem as mesmas ideias que eu"; por outro lado, expondo-se como modelo dos seus "retratos pintados", num jogo de muitos fragmentos corporais, Helena Almeida não parou de questionar a possibilidade de dizer "eu", de alguma maneira expondo a clivagem primordial entre natureza e linguagem — por alguma razão, ela gostava de lembrar que, mesmo havendo um desejo de auto-representação nos seus objectos, isso não significa que eles sejam uma colecção de auto-retratos.

>>> Obituário no Diário de Notícias.
>>> Página sobre Helena Almeida no Museu Calouste Gulbenkian.
>>> Video de apresentação de uma exposição em Paris (Jeu de Paume, 2016), comissariada por João Ribas e Marta Moreira de Almeida.


Sem título
(2004)
Seduzir
(2002)