É um nome fundamental e emblemático na história da arte fotográfica no interior do cinema português: António Escudeiro faleceu no dia 21 de Setembro, em Lisboa — contava 85 anos.
Como outros profissionais directa ou indirectamente ligados à geração do Cinema Novo, foi, em parte, na publicidade que encontrou um contexto especial de aprendizagem e experimentação. Assinou a fotografia de títulos como Os Demónio de Alcácer-Quibir (1977) e Kilas, o Mau da Fita (1980), ambos de José Fonseca e Costa, Antes do Adeus (1977), de Rogério Ceitil, O Rei das Berlengas (1978), de Artur Semedo, ou Matar Saudades (1988), de Fernando Lopes. Este último, a meio caminho entre ficção e documentário, pode servir de símbolo exemplar da sua capacidade para trabalhar com fontes de luz natural, em especial, justamente, no domínio documental — fotografou, por exemplo, Ma Femme Chamada Bicho (1978), de José Álvaro Morais, sobre Maria Helena Vieira da Silva, e A Ilha de Moraes (1984), sobre Wenceslau de Moraes, uma realização de Paulo Rocha paralela ao seu A Ilha dos Amores (1982).
No trabalho de Escudeiro como realizador, por vezes assumindo também as tarefas de direcção fotográfica, destaca-se Adeus, Até Amanhã (2007), filme de regresso aos cenários de Angola onde viveu a primeira metade da sua vida — nasceu a 2 de Julho de 1933, na cidade de Lobito. Entre os títulos que dirigiu incluem-se também, por exemplo, Mombasa e Goa (ambos de 1980), e ainda Para Josefa (1981), produção televisiva sobre Josefa d'Óbidos. A sua derradeira realização seria a curta-metragem de ficção Velocidade de Sedimentação (2008). Era sócio honorário da Associação de Imagem Portuguesa [AIP].
>>> Obituário no Diário de Notícias.
>>> Trailer de Adeus, Até Amanhã.
>>> Cópia de Ma Femme Chamado Bicho disponível no YouTube.