sábado, junho 23, 2018

Jorge Jesus não foi para a Coreia

FRANCIS BACON
Cabeça de Homem
1960
A. Uma das mais curiosas observações que algumas pessoas têm feito publicamente sobre Bruno de Carvalho tem a ver com aquilo que será a sua incapacidade para lidar com o mundo à sua volta: "Bruno de Carvalho nega a própria realidade..."

B. Discutir as convulsões do Sporting (ou qualquer outro tema dito futebolístico) não tem a ver, nem de longe nem de perto, com estas breves linhas. Vale a pena, isso sim, perguntar porque é que aqueles que evocam a pertinência daquilo a que chamam realidade não reconhecem a pergunta/espelho que atraem. A saber: como é que esta realidade gerou a personagem pública de Bruno de Carvalho?

C. Consequências práticas: há longos meses, depois das investigações em torno do Benfica (como, noutro contexto, em torno do F. C. Porto), a crise no Sporting foi promovida a questão nacional, sendo tratada como uma catástrofe iminente da nossa identidade como povo e nação. O futebol passou mesmo a ser apresentado como a nossa única razão de existir — e para existir. Hoje, por exemplo, lemos que as duas Coreias se mostram disponíveis para reuniões no sentido de reunificar as famílias separadas pela guerra de 1950-53 — o certo é que neste nosso cantinho (que se quer) europeu, a notícia mais transversal do dia é a assembleia geral do Sporting... Aliás, não: o grande destaque é a partida de Jorge Jesus para a Arábia Saudita. Pois.