[ Kathryn Bigelow ] [ Martin Scorsese ] [ Pablo Larraín ] [ Andrei Konchalovsky ] [ Stéphane Brizé ]
[ Terrence Malick ] [ André Téchiné ] [ Woody Allen ] [ Richard Linklater ]
A presença regular de documentários no mercado de exibição é um factor cultural cuja importância nem sempre é devidamente sublinhada. Para além dos temas específicos de cada título, trata-se de manter em aberto a possibilidade cinematográfica de contrariar a aceleração televisiva, pensando para além da colagem mais ou menos mecânica de fragmentos & soundbytes. O exemplo de Eu Não Sou o Teu Negro, de Raoul Peck, é tanto mais extraordinário quanto a evocação do escritor James Baldwin (1924-1987) se faz, não apenas, nem sobretudo, das matérias visuais de arquivo (todas fascinantes, não é isso que está em causa), mas da intensidade irredutível das palavras. Mais concretamente, trata-se de evocar o modo como Baldwin abordou três líderes afro-americanos — Medgar Evers, Malcolm X e Martin Luther King Jr. —, todos assassinados na década de 60, no espaço de cinco anos. Lidas pelo actor Samuel L. Jackson, as palavras do escritor evocam um tempo de grandes convulsões, ao mesmo tempo que instalam uma aproximação dialéctica da América que tem um líder chamado Donald Trump — o cinema do passado é sempre uma narrativa do presente.