1. Derrota geral para todos os partidos concorrentes às eleições autárquicas de 1 de Outubro. Que derrota? Pois bem, a das imagens.
2. Como há muito sabíamos, o discurso político que, com ar mais ou menos tecnocrático, proclama que "vivemos num mundo de imagens" só tem um significado. A saber: os políticos que o aplicam nunca pensaram no assunto. De tal modo que, de direitas, esquerdas, centros e de lugar nenhum, filiados e independentes, todos parecem ter entregue as suas campanhas aos mesmos especialistas (?) de marketing que apenas conhecem uma estética: foto tipo passe + algumas cores de contrastes mais ou menos primários. Não admira que, muito para além de qualquer acto eleitoral, sejamos um país tão quotidianamente indiferente ao poder das imagens e, muito em particular, à terrível violência normativa que a sua utilização pode consagrar. O que é que se normaliza? A sensibilidade, o gosto de ver, a inteligência do olhar. E, desse modo, o que é que triunfa? Uma cultura da indiferença.
3. Nada a ver, entenda-se, com essas listas de curiosidades mais ou menos bizarras (fotografias involuntariamente caricaturais, frases disparatadas, erros de escrita, etc.) que, por esta altura, proliferam no espaço mediático. Não é uma colecção de "apanhados" — antes uma tendência geral, redutora e simplista, que contamina todas as organizações que, seriamente, fazem política, deste modo contribuindo para enquistar o espaço social de pensamento.
* NOTA. Fica um equívoco prémio de imaginação para a maior "ousadia" da campanha: transformar o conceito "de pernas para o ar" em mensagem política.