terça-feira, setembro 05, 2017

Elogio do “outro” cinema espanhol

de Alberto Morais
[DN, 31-08-2017]

Uma bela surpresa de um cinema espanhol que, infelizmente, continuamos a conhecer de forma mais ou menos acidental. De facto, para além das presenças regulares de Pedro Almodóvar no Festival de Cannes, há em Espanha um cinema (neste caso associado ao produtor português Paulo Branco) apostado em contar histórias intensas e verosímeis de um quotidiano de muitas convulsões. Alberto Morais retrata a odisseia de um adolescente em ziguezague entre a existência em decomposição da sua mãe e um centro de acolhimento para menores: da fragilização dos laços familiares às perversões do mercado de trabalho, este é um contundente retrato social que nunca cede à facilidade dos sermões politicamente edificantes — tudo servido por um magnífico lote de actores, com inevitável destaque para o jovem Javier Mendo.