Decididamente, ela não se aquieta — e inquieta-nos. Dito de outro modo: Björk é uma artista da mais absoluta convicção que, com abençoada paciência, nos leva a regressar sempre ao seu trabalho, mesmo aquele que, inicialmente, no seu brilhantismo de execução, nos pode ter parecido menos inspirado — falo por mim, penso em Vulnicura (2015), objecto de emblemática e, afinal, fascinante resistência a que, regularmente, vou regressando.
De Vulnicura, justamente, o tema Notget tem sido uma espécie de bandeira sensorial, primeiro como apresentação, depois como consumação. Agora, surge na sua segunda versão como teledisco, ainda e sempre com assinatura de Warren Du Preez & Nick Thorton Jones. Dir-se-ia que quanto mais Björk se aventura no mimar de uma Natureza primordial (neste caso, em pose a preto e branco de... borboleta?), mais somos levados a supor que o seu labor visa outras paisagens, posteriores a qualquer naturalismo, sem dúvida tocadas pela Realidade Virtual que a tem seduzido. Nunca vimos nada assim — afinal de contas, esta é uma canção sobre a transcendência que a dor anuncia.
If I regret us
I’m denying my soul to grow
Don’t remove my pain
It is my chance to heal