segunda-feira, março 27, 2017

3 x Scarlett Johansson (1)

A chegada de Ghost in the Shell é pretexto para uma breve deambulação por alguns dos títulos marcantes na carreira de Scarlett Johansson — este texto foi publicado no Diário de Notícias (25 Março), com o título 'De musa de Woody Allen a estrela dos filmes da Marvel'.

A história, a tradição e a própria moral do espectáculo ensinam-nos que os méritos de uma estrela de cinema não são um reflexo imediato dos números da sua contabilidade pessoal. Seja como for, o mais básico pragmatismo lembra-nos também que a dimensão de uma “star”, sobretudo no interior da máquina do cinema americano, não é estranho ao significado de tais números.
Scarlett Johansson, por exemplo: o seu nome surge em terceiro do lugar na lista das actrizes mais bem pagas ao longo do ano de 2016, editada pela revista Forbes, com um rendimento global de 25 milhões de dólares (cerca de 23,2 milhões de euros). Apenas superada por Jennifer Lawrence e Melissa McCarthy (em 1º e 2º, respectivamente), terá recebido 17,5 milhões por um único filme — Ghost in the Shell, adaptação de uma “manga” japonesa que estreia na próxima quinta-feira —, resultando outra importante fatia do seu rendimento de um contrato publicitário com a casa Dolce & Gabbana.
As aventuras mais ou menos fantásticas, inspiradas ou não na BD, tornaram-se mesmo uma marca forte da sua recente filmografia. Vimo-la, por exemplo, no “thriller” futurista Lucy (2014), dirigido pelo francês Luc Besson, ou ainda, desde Homem de Ferro 2 (2010), a assumir a personagem de Natasha Romanoff/Viúva Negra em várias aventuras de super-heróis com chancela da Marvel. Repetirá o papel em Avengers: Infinity War, agendado para 2018.
Ironicamente, nos primeiros tempos da sua carreira, parecia ser um banal fenómeno infantil, mais ou menos ligado à tradição iconográfica dos estúdios Disney. Em 1995, aos 11 anos de idade (nasceu a 22 de Novembro de 1984, em Nova Iorque), surgiu, por exemplo, no policial Causa Justa, no papel de filha do casal interpretado por Sean Connery e Kate Capshaw; dois anos mais tarde, integrava o elenco de Sozinho em Casa-3. Foi Robert Redford, na tripla qualidade de produtor, realizador e actor, que lhe ofereceu um primeiro papel consistente em O Encantador de Cavalos (1998), filme nostálgico dos grandes melodramas clássicos.