sábado, novembro 26, 2016

Kate Bush, 1985



Há várias formas possíveis de apresentar uma narrativa com fulgor documental (o que, note-se, não impede um ponto de vista pessoal e uma abordagem artística). E em Cloudbusting Kate Bush deu-nos, além de uma assombrosa canção – numa dimensão em sintonia com a que cruza o alinhamento do tão desafiante quanto popular álbum The Hounds of Love – um retrato sobre o psicólogo e filósofo austríaco Wilhelm Reich (1897-1957).

A canção (ou o retrato, como preferirem), é-nos contada do ponto de vista do filho, Peter, transportando-nos a memórias de Organon, a quinta onde viviam e na qual estavam montadas máquinas de fazer chuva (às quais chamava, em inglês, cloudbusters, daí o título da canção), que usavam supostamente a energia “orgónica” presente na atmosfera, assim o defendia Wilhelm Reich.

Baseada em A Book of Dreams, memória do filho de Wihelm, Peter (num claro exemplo das relações literárias expressas na obra de Kate Bush), a canção teve depois um teledisco concebido por Terry Gilliam e realizado por Julian Doyle, no qual Donald Sutherland interpreta a figura de Reich, cabendo à própria Kate Bush o papel do filho Peter. É uma das obras-primas do teledisco de meados dos anos 80, servindo de forma perfeita uma canção maior na obra da cantora.