A 20ª edição do Queer Lisboa começou com uma dramática e pedagógica evocação. Com encenação de André Murraças, 50. Orlando, ouve encheu o palco do São Jorge com uma singular performance [foto]: sentados, os intérpretes iam levantando-se, um a um, evocando as vítimas dessa tragédia — em que um atirador matou 49 pessoas na discoteca Pulse, em Orlando, Florida —, fazendo um inventário das muitas formas de representação, preconceituosas ou "apenas" indiferentes, das diferenças sexuais.
Foram momentos tanto mais tocantes e envolventes quanto o efeito coral dos intérpretes/personagens reflectia os muitos modos contemporâneos de circulação da informação e opinião. Desde o sofrimento individual até à irresponsabilidade de muitos discursos "sociais" em rede, 50. Orlando, ouve soube articular as singularidades de uma representação teatral com a urgência de um conhecimento a que talvez possamos chamar, no sentido mais genuíno da palavra, jornalístico.
A sessão de abertura terminou com uma proposta de humor — o filme Absolutely Fabulous, com Jennifer Saunders e Joanna Lumley —, a provar que a inteligência do mundo passa sempre pela pluralidade das suas narrativas.
A sessão de abertura terminou com uma proposta de humor — o filme Absolutely Fabulous, com Jennifer Saunders e Joanna Lumley —, a provar que a inteligência do mundo passa sempre pela pluralidade das suas narrativas.
Cinema São Jorge, Lisboa 16 Setembro 2016 |