Acontecimento maior na história recente do cinema português, Cartas da Guerra, de Ivo M. Ferreira, baseado em D'este Viver Aqui Neste Papel Descripto/Cartas da Guerra, de António Lobo Antunes, tem estreia marcada para 1 de Setembro.
Em Portugal, o espaço audiovisual — cinema incluído, claro — tem sido implacavelmente colonizado pelas matrizes repetidas e repetitivas da telenovela. São muito poucos, aliás, os que mostram disponibilidade para enfrentar a questão cultural central dos últimos 40 anos. A saber: como é possível resistir no gosto da narrativa (e também na sua gestão económico-financeira) quando tudo, ou quase tudo, está ocupado pela retórica sem imaginação, muitas vezes indulgente e moralista, do ideário telenovelesco?
Escusado será dizer que Cartas da Guerra é um objecto exterior a tal sistema, não por acaso valorizando os elementos que a telenovela instrumentalizou até à mais triste secura expressiva: os actores. Presenças como Miguel Nunes, Margarida Vila-Nova [foto], Ricardo Pereira, João Pedro Vaz ou Simão Cayatte, entre outros, são a prova muito real de que os gestos e as palavras daqueles que a câmara regista são vitais na nossa relação com qualquer discurso cinematográfico — mais do que nunca, importa celebrar esta nobre arte de dar a ver os sinais do humano.
Escusado será dizer que Cartas da Guerra é um objecto exterior a tal sistema, não por acaso valorizando os elementos que a telenovela instrumentalizou até à mais triste secura expressiva: os actores. Presenças como Miguel Nunes, Margarida Vila-Nova [foto], Ricardo Pereira, João Pedro Vaz ou Simão Cayatte, entre outros, são a prova muito real de que os gestos e as palavras daqueles que a câmara regista são vitais na nossa relação com qualquer discurso cinematográfico — mais do que nunca, importa celebrar esta nobre arte de dar a ver os sinais do humano.