A visão instrumental e determinista do mundo de Michael Bay prolonga-se na medíocre utilização dos recursos especificamente cinematográficos — este texto foi publicado no Diário de Notícias (28 Janeiro), com o título 'Hollywood, “ma non troppo”'.
A avalancha de filmes baseados em “histórias verídicas” tornou-se um vírus. Em boa verdade, por vezes, o rótulo parece servir apenas para tentar caucionar os maiores disparates narrativos e cinematográficos. Michael Bay, autor de uma patética versão de Pearl Harbor (2001) em tom de anúncio de shampoo vitaminado, aí está a demonstrar que não quer perder um lugar de destaque em tal processo.
O seu 13 Horas: Os Soldados Secretos de Benghazi evoca os momentos terríveis vividos, em Setembro de 2012, nas instalações diplomáticas dos EUA na Líbia (na verdade, um quarte-general de uma célula da CIA) com a ligeireza brincalhona de quem está a fazer uma espécie de “remake” do Álamo (1960), de John Wayne — aliás, para que não passemos ao lado da sugestão simbólica, a evocação desse filme (medíocre) é feita por uma das personagens.
O seu 13 Horas: Os Soldados Secretos de Benghazi evoca os momentos terríveis vividos, em Setembro de 2012, nas instalações diplomáticas dos EUA na Líbia (na verdade, um quarte-general de uma célula da CIA) com a ligeireza brincalhona de quem está a fazer uma espécie de “remake” do Álamo (1960), de John Wayne — aliás, para que não passemos ao lado da sugestão simbólica, a evocação desse filme (medíocre) é feita por uma das personagens.
Reduzir um combate sangrento contra forças terroristas a uma espécie de desporto machista entre duas cervejas, pontuado por piadas de gosto duvidoso, é apenas um aspecto da questão. 13 Horas consagra uma estética do arbitrário visual (e sonoro!) que nunca supera a condição de um péssimo jogo de vídeo. Os espíritos anti-americanos gostam de proclamar que Hollywood é isto... De facto, é muito mais do que isto; basta ter o espírito aberto para observar, por exemplo, a fascinante diversidade dos títulos que, este ano, estão na corrida aos Oscars — além do mais, até prova em contrário, não é a origem geográfica de um filme que o torna “bom” ou “mau”.