terça-feira, dezembro 15, 2015

"Tubarão" vs. "No Coração do Mar"

Os filmes distinguem-se pelas forças dramáticas e emocionais que sabem colocar em movimento — e isso reflecte-se em (quase) tudo o que está envolvido na respectiva difusão. Veja-se a diferença entre os cartazes do admirável Tubarão (1975), de Steven Spielberg, e do recente No Coração do Mar, de Ron Howard, triste exemplo de uma incrível banalização tecnológica dos conceitos de aventura e espectáculo: no primeiro caso, há um movimento vertical, de baixo para cima, em que a entidade ameaçadora desenha a linha agreste da sua visão da incauta figura humana; no segundo, a verticalidade é de sentido inverso, esconde a entidade que devia ser protagonista (a baleia) e os humanos, de costas para nós, parecem espectadores ainda menos interessados. Diz-me como te representas...