FOTO: Artsy.net |
Figura fundamental do universo abstracto, o pintor americano Ellsworth Kelly faleceu no dia 27 de Dezembro, na sua casa de Spencertown, Nova Iorque — contava 92 anos.
Em 1997, na introdução ao catálogo de uma retrospectiva de Kelly na Tate, em Londres, Diane Waldman, responsável pela sua organização, lembrava três factores que tinham contribuído para que o reconhecimento do pintor fosse ainda relativamente recente: "(...) a resistência do público à chamada abstracção pura; a ausência, nos primeiros anos da sua carreira, dessa notoriedade instantânea que se tornou uma componente da arte desde o tempo de Marcel Duchamp; e o facto de ele continuar a laborar em ideais que começou a explorar em finais da década de 40."
Podemos, talvez, dizer isto de outro modo: na sua procura de uma depuração das formas e das cores que, por vezes, equivocamente, levou à sua inscrição na dinâmica Pop dos anos 60 (que, afinal, ele precede e, de algum modo antecipa), Kelly foi sempre um criador de efusiva ambiguidade: forçando sempre um pouco mais o apelo futurista de todas as experimentações e, ao mesmo tempo, permanecendo fiel a um gosto de abstracção que, afinal, o definia como um dos "primitivos" do século XX. As singularidades da sua arte, oscilando entre as emoções da percepção quotidiana e o indizível da construção de um olhar individual poderão, talvez, resumir-se nestas palavras exemplares, proferidas em 1996: "As minhas pinturas não representam objectos. São elas próprias objectos e percepções fragmentadas das coisas."
A sua primeira exibição individual ocorreu em Paris, em 1951. A primeira retrospectiva foi organizada pelo MoMA, em 1973. Em 1993, a Galeria Nacional do Jeu de Paume, em Paris, apresentou "Ellsworth Kelly: Os anos franceses, 1948–54". Em 2013, o Presidente Obama atribuiu-lhe a Medalha Nacional das Artes, considerada a maior honra nacional a celebrar a excelência artística.
1949. Janela |
1951. Cores para um grande parede |
1972. Sem título |
2008. Azul, cinzento, verde, vermelho |
>>> Ellsworth Kelly falando sobre o seu trabalho no âmbito de uma exposição, em 2012, no Los Angeles County Museum of Art.
>>> Obituário no New York Times.
>>> Ellsworth Kelly no MoMA e no Museu Guggenheim.