Fotos: Miguel A. Lopes |
É um cineasta a partir do qual se pode ler toda a história do cinema, desde as experiências do período mudo até aos caminhos da modernidade: Manoel de Oliveira faleceu no dia 2 de Abril, no Porto, cidade onde nasceu a 11 de Dezembro de 1908 — contava 106 anos.
A filmografia de Oliveira — mais de meia centena de títulos ao longo de mais de oito décadas — corresponde, afinal, a uma história paralela à própria história do cinema. Desde o experimentalismo documental (Acto da Primavera, 1962) até ao delírio conjugado da memória e da mitologia (O Quinto Império, 2004), passando pela conjugação simultânea de todas as formas de narrativa (Francisca, 1981), o seu movimento desafia as fronteiras da própria linguagem cinematográfica. Mais do que isso, Oliveira foi alguém que assumiu o gesto cinematográfico como uma forma, não de reproduzir o mundo, mas de o habitar, sempre com perplexidade e paixão.
Num momento de tão grande tristeza, vale a pena começarmos por reformular um voto que, seguramente, ele não desdenharia — que os seus filmes sejam vistos como filmes, não como pontuações compulsivas das eternas limitações existenciais do cinema português. Ou mais simplesmente: que os seus filmes sejam vistos.
A filmografia de Oliveira — mais de meia centena de títulos ao longo de mais de oito décadas — corresponde, afinal, a uma história paralela à própria história do cinema. Desde o experimentalismo documental (Acto da Primavera, 1962) até ao delírio conjugado da memória e da mitologia (O Quinto Império, 2004), passando pela conjugação simultânea de todas as formas de narrativa (Francisca, 1981), o seu movimento desafia as fronteiras da própria linguagem cinematográfica. Mais do que isso, Oliveira foi alguém que assumiu o gesto cinematográfico como uma forma, não de reproduzir o mundo, mas de o habitar, sempre com perplexidade e paixão.
Num momento de tão grande tristeza, vale a pena começarmos por reformular um voto que, seguramente, ele não desdenharia — que os seus filmes sejam vistos como filmes, não como pontuações compulsivas das eternas limitações existenciais do cinema português. Ou mais simplesmente: que os seus filmes sejam vistos.