"Panda Bear Meets The Grim Reapper"
Domino Records
( 5 / 5 )
Ao contrário do que o título possa sugerir (já que o grim reaper não é senão a figura da morte), o novo álbum a solo de Panda Bear é tudo menos coisa assombrada. O título traduz a noção de algo com o qual não queremos lidar, mas que, com a ajuda de uma máscara, se torna mais fácil de digerir.
Com os Animal Collective (a que pertence) em pausa, Panda Bear aprofunda aqui a relação com uma busca incansável por novas formas de pensar a canção e os sons que a servem. Usando as máquinas como principal ferramenta de trabalho, e abordando linguagens que podemos por vezes arrumar mais perto de uma pulsão de dança, é do contraste entre a familiaridade dos ritmos e formas com a busca de sonoridades e o âmago ímpar das narrativas e personagens das canções que vive a alma de um álbum que, depois de discos fulcrais como Person Pitch (2007) e Tomboy (2011) reafirmam o espaço a solo da obra de Panda Bear como um dos mais interessantes e visionários do atual panorama indie. Vale ainda a pena notar que a canção Tropic of Cancer, com travo de balada à la 60’s deixa claro como o assimilar de memórias pode também alimentar a criatividade de alguém que olha em frente quando compõe.
O disco junta ainda o Príncipe Real à toponímia da música. Tal como os Strawberry Fields de Liverpool, o largo lisboeta tem agora o seu nome inscrito no mapa da música do nosso tempo.
Este texto foi publicado na edição de 7 de janeiro da revista Time Out.