Um primeiro álbum em 1995, Brown Sugar. Outro em 2000, Voodoo. Agora surge Black Messiah, opus 3 de D'Angelo (data oficial de lançamento: 15 Dez. 2014). Mesmo sem forçar a carga simbólica das atribulações de tão contundente carreira, parece óbvio que os longos intervalos entre gravações reflectem uma visceral indiferença a qualquer convulsão pública, mais ou menos decorrente das leis universais do marketing.
D'Angelo, nome artístico do americano Michael Eugene Archer, nascido em 1974 em Richmond, Virginia, vive a frondosa herança do R&B, balizada por um gosto funk que não renega as fusões jazzísticas, como uma paciente jornada em que experimentação e introspecção são apenas dois nomes distintos para a mesma fixação estética.
Como ele faz notar nas notas do álbum, o título Black Messiah não se refere a nenhuma pessoa em particular (sobretudo, não envolve qualquer auto-denominação), antes designa um modo de estar que pode ser assumido por qualquer um. Porventura é essa a mais justa maneira de definir esta música: uma deriva eminentemente individual e individualista, embora conduzida por um sentimento utópico de comunidade — para que conste, aqui ficam os sons exemplares de Soul Prayer.
Soul prayer, soul prayer
Hallowed be thy name
Kingdom come, will be done, oh yeah
I do... the devil on your feet
I know that he will, he will try to stop you
From seeing your days
But you got to pray all the way
Till you get on
I believe that some day we will rise
I know that he will try to harm you
And if you can
I know that you will make it to the promised land
But you got to pray, you got pray
Oh you got to pray for redemption
Lord, keep me away from temptation
Deliver us from evil, oh yeah
And all this confusion around me
Give me peace
I believe that love