A notícia da derradeira edição do talk-show The Colbert Report está na imprensa americana do espectáculo [Variety], mas também no site da... Casa Branca! Acontece que o convidado dessa edição especial dá pelo nome de Barack Obama (nos EUA, o programa será emitido a 18 de Dezembro; Colbert irá ocupar o lugar de David Letterman, a partir de 2015, em The Late Show).
Importa lembrar o mais óbvio — que é também, na cena político-jornalística, o habitualmente mais recalcado. Ou seja: a performance do Presidente dos EUA num programa televisivo não é uma excepção à regra, mas apenas a perversa e calculada ilustração dessa regra. Que regra? A que faz com que, hoje em dia, para o melhor ou para o pior, a acção política não saiba (ou não queira) pensar-se para além de um parasitismo (mútuo) com o dispositivo televisivo. Obama mais não faz do que ocupar esse dispositivo, fazendo valer o jogo que lhe é inerente entre o discurso pragmático e a sua recomposição em forma de entertainment — como se prova por estas imagens, Colbert tem o privilégio de possuir concorrência à altura.