quarta-feira, dezembro 10, 2014

Novas edições:
Stars

“No One is Lost”
Soft Revolution
4 / 5

Há uns dez anos os Stars foram um entre os nomes da cena indie canadiana que ganharam maior visibilidade depois do impacte global causado pelo álbum de estreia dos Arcade Fire (que, como em tantas outras ocasiões, teve consequências no mapa geográfico dos sons de então). Depois de dois álbuns mais notados, continuaram o seu percurso – que em parte conta igualmente com uma vida em paralelo de alguns dos seus elementos nos Broken Social Scene. Dois anos depois de The North apresentam um novo álbum que, sem escapar à identidade indie pop que tem cruzado a sua obra, procura em várias ocasiões trazer para bordo das canções uma mais intensa presença não só de electrónicas mas também de sugestões de dança e libertação. Há que ter aqui em conta o contexto em que as canções nasceram, uma vez que o grupo alugou para as suas sessões de trabalho um espaço num edifício com um clube gay no andar de baixo, as frequentes visitas à pista de dança acabando por contaminar (discreta mas eficazmente) a alma de canções que acabam a celebrar um sentido de prazer festivo que, mesmo sem a dose de otimismo a rodos que inundava o alinhamento do mais recente disco dos seus compatriotas The New Pornographers, faz de No One Is Lost um saboroso novo contributo para uma “escola” que, enraizada em genéticas clássicas – dos Smiths aos New Order e alguns mais caminhos de então – e plena de sinais de relacionamento com fenómenos nas suas mesmas latitudes estéticas e geográficas (dos Metric aos já referidos These New Puritans), acrescenta ao cardápio indie canadiano ocasionais flirts saborosos com o disco ou nele encontram uma bola de espelhos que ilumina o resto das canções. Não há aqui revolução nem uma nova vaga em estado latente. Apenas referencias clássicas e históricas a saborear o gosto pela partilha de referências, num estado de alma que procura formas de sonhar com melhores dias. Um belo disco indie pop, já agora.