segunda-feira, novembro 10, 2014

LEFFEST: a verdade, sempre a verdade


[ Garrel ] [ Ferrara, 1 ] [ Malkovich ]

* PASOLINI (2014), de Abel Ferrara

Ferrara de novo. Depois de Welcome to New York, parábola moral a pretexto de Dominique Strauss-Kahn, Pasolini é, num certo sentido, o mesmo filme. A saber: não uma biografia de uma personagem verídica, mas uma derivação fílmica em torno de alguém, Pier Paolo Pasolini, cujo efeito de verdade não é possível apagar. Que verdade? A de uma existência que se decide num limbo entre a verdade dos outros e a hipótese de uma redenção verdadeiramente interior. Em qualquer caso, as semelhanças acabam aí, já que o Pasolini de Ferrara — brilhantemente interpretado por Willem Dafoe — é, mais que tudo, um ser da palavra, da precisão da escrita, da contundência do dizer. Com a pontuação vital de Maria Callas, interpretando a ária 'Una voce poco fa', de O Barbeiro de Sevilha, de Rossini.