quarta-feira, setembro 17, 2014

Novas edições:
Future Sound of London

“Environment Five”
FSOL Digital
3 / 5

Quando surgiram, na alvorada dos anos 90, com o álbum Accelerator (1991) e o influente single Papua New Guinea, os Future Sound of London rapidamente conquistaram um lugar de relevo na linha da frente de uma nova geração de músicos que, munidos de ferramentas electrónicas, procuravam desbravar novos caminhos depois de assimiladas tanto as lições que a revolução house havia lançado no final da década anterior como as que a ressaca chill out entretanto tinha também colocado em cena. Experimentadores natos, tiveram o seu momento maior no belíssimo Lifeforms, álbum duplo que se fez referência maior do seu tempo. Seguiram-se novos discos e novas experiências – entre as quais uma digressão feita com atuações ao vivo usando linhas ISDN – e, mais tarde, uma multidão de aventuras apresentadas sobre vários heterónimos, em nenhum caso repetindo contudo a capacidade de marcar o tempo, nem mesmo repetindo os mesmos patamares de inspiração dos primeiros feitos assinados como FSOL (como muitas vezes o grupo era referido na imprensa da época). Confesso que a última vez que os tinha escutado foi quando em 2002 editaram The Isness, um álbum que apresentaram sob o nome Amorphous Androgynous. Desde então dividiram o tempo entre vários projetos (revelados sob muitos nomes), trabalhos de índole técnica e uma relativamente regular presença discográfica como FSOL numa série a que chamaram Environments e na qual foram apresentando material de arquivo. O novo Environment Five é assim o quinto volume desta série (lançado dois anos após o quarto), mas assinala uma mudança de fundo: é um disco de inéditos. Contando com contribuições do compositor Daniel Pemberton, Raven Bush (Syd Arthur) e Riz Maslen (Neotrpoic), este é na verdade o primeiro álbum “novo” dos FSOL desde Dead Cities (1996). Há marcas de identidade evidentes, sobretudo no design cenográfico digital que define os ambientes... A presença de outros instrumentos não se esgota contudo no que poderia ser um alargamento das qualidades tímbricas do som. Na verdade a sua presença segue caminhos que quase evocam soluções dos tempos do progressivo, o diálogo entre tempos e formas acabando por sem sempre resultar da melhor maneira. Ocasionalmente há contudo instantes que recuperam a visão de uma dupla que fez história. Talvez esteja agora longe da linha da frente onde outrora operava. Mas está de volta. E isso não é nada mau.