quinta-feira, agosto 07, 2014

Pelos universos de Anton Corbijn (1)


O realizador e fotógrafo Anton Corbijn já tinha abordado dos mundos escondidos que correm ao lado dos espaços que habitamos. Não era bem com espiões, mas com um assassino profissional (a que George Coonely vestiu brilhantemente a pele), no anterior O Americano, filme algo implosivo e afastado das vitaminas de ação a que imaginamos associado o “labor” da personagem protagonista e que talvez não tenha conhecido a exposição que merecia. O realizador, que se estreara no cinema com Control, biopic dos Joy Divsion – e um dos melhores exemplos de retrato cinematográfico de um espaço da cultura pop/rock – regressa hoje às salas de cinema com O Homem Mais Procurado, filme baseado num romance de John Le Carré que nos transporta para os meandros do trabalho de serviços secretos, em particular uma unidade que, em Hamburgo, tenta localizar e desmontar potenciais ameaças.

Tal como em O Americano, Corbijn contorna o que é habitual nestes espaços de género e olha antes para aqueles que são os peões em jogo. Peões, porque outros poderes podem interferir hierarquicamente acima, a “licença para” fazer o que quer que seja não sendo aqui coisa à James Bond. Há uma política que tudo liga e outras forças a operar no terreno, como que em tentativa de disputa de espaços de manobra e o eventual clamar de... resultados. Há mais em cena que apenas os jogos do gato e do rato. Há tensão, há esperas... Há um equilíbrio entre força e diplomacia. Há meios para chegar ao fim. Mas será esta uma ética transversal a tudo e todos?

Com um soberbo papel de Philip Seymour Hoffman (naquele que foi o seu derradeiro trabalho para cinema), O Homem Mais Procurado coloca-nos perante a chegada de um checheno radical à cidade e que desencadeia toda uma cascata de questões e levanta suspeitas, mas também preconceitos. Quem tem afinal razão?



Aproveitamos a chegada de um novo filme de Anton Corbijn para mergulhar no espaço no qual o fotografo encetou um relacionamento com os ecrãs. Em concreto os ecrãs de televisão, em telediscos que começou a dirigir na Alemanha, em 1983, mais tarde o seu trabalho ganhando dimensão global sobretudo através de colaborações com os Depeche Mode e U2.

Este foi o seu primeiro teledisco, servindo a canção Hockey dos Palais Schamuburg, uma banda new wave de Hamburgo. O teledisco data de 1983.