Warner Bros.
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É uma voz que nos acompanha há já alguns anos, sobretudo a bordo dos Rilo Kiley. E agora, três anos depois de oficialmente anunciada a separação da banda, Jenny Lewis (que antes tinha já encetado uma obra a solo) edita finalmente um novo álbum em nome próprio. E, mais que nunca, os destinos da música e das palavras estão nas suas mãos. Ela mesma confessou já que passou por uma etapa de noites mal (ou mesmo não) dormidas quando a vida do grupo chegou ao fim. E esses são algumas das experiências que convoca para uma escrita personalizada, clara, capaz de enfrentar a crueza das separações e outras fontes de dor e conflito. Referências que, ora com cunho autobiográfico ora alimentando ensaios de ficção, toma como matéria prima para canções cuja candura musical contrasta com a carne viva que as palavras cantam. Essencialmente produzido por Ryan Adams, The Voyage junta histórias de almas despedaçadas a uma música que procura raízes em heranças luminosas da música popular americana. Segue contudo caminhos distintos dos que ainda recentemente escutámos no belíssimo álbum de Angel Olsen, que procurou caminhos através de diálogos com correntes indie rock que fizeram escola (e geraram descendências) nos oitentas. Aqui Jenny Lewis parte de espaços onde a folk é um passado comum, mas opta antes por caminhos pop/rock clássicos (de vincada identidade californiana) com resultados particularmente cativantes quando Beck entra em cena para produzir Just One Of The Guys, o momento maior de um disco que, sem voltar costas ao que viveu nos Rilo Kiley, define um trajeto bem focado que as qualidades de uma escrita segura agora transporta em demanda pessoal.