Alexis Taylor
“Await Barbarians”
Domino / Edel
3 / 5
Os espaços de criação a solo, em paralelo ao trabalho das bandas nas quais os músicos têm o seu ‘day job’, podem ser por vezes importantes janelas sobre personalidades que muitas vezes se diluem na soma (democrática, ou nem por isso) que representa o trabalho coletivo do grupo. Alexis Taylor, a voz central dos Hot Chip, surpreendeu quando, há uns seis anos, apresentou um álbum em regime introspetivo que contrastava com a pop luminosa, electrónica e dançavel que o grupo ia já inscrevendo no mapa da música made in UK pós-milénio. Desde então dos Hot Chip escutámos momentos de grande notoriedade como Made In The Dark (2008) e One Life Stand (2010), bem como o menos bem sucedido In Our Heads (2012), da soma dos três discos resultando contudo um perfil de muito maior exposição da voz de Alexis Taylor num terreno de garrida e viçosa pop (muito) dançável. E talvez nasça do contraste com novo mergulho tão plácido e interior a surpresa com que muitos parecem estar a encarar a chegada deste segundo disco a solo. Await Barbarians é um disco tão pessoal que só aceitou a colaboração de quem, pontualmente, ali colaborou nas cordas. Alexis canta e toca todos os instrumentos, secundarizando as eletrónicas (ao contrário do que sucede nos Hot Chip ou como vimos no projeto paralelo 2Bears do seu colega Joe Goddard). Guitarras, pianos, vassouras, definem climas downtempo nos quais se cantam trovas do eu, da idade a crescer, do que muda. Curiosamente, é no discreto oásis electrónico, em regime algo minimalista, que nasce em Closer To The Elderly, a peça central de um álbum sóbrio e confessional que confronta o espaço (habitualmente) jovem da cultura pop com uma série de reflexões sobre o a vida, o tempo e o envelhecimento.