Grace Jones
“Nightclubbing (DeLuxe Edition)”
Island Records / Universal
5 / 5
De origem jamaicana e com vida feita nos EUA desde a adolescência, Grace Jones era já uma modelo de sucesso quando, em finais dos anos 70, apostou na construção de uma carreira na música em paralelo às passerelles e estúdios de fotografia. Na companhia do produtor Tom Moulton registou três álbuns em finais dos setentas, explorando os universos do disco sound e arredores em três álbums e uma mão-cheia de singles que lançou entre 1977 e 79. Mas em 1980 Chris Blackwell tomou rédeas da condução dos destinos musicais de Grace Jones. Levou-a aos estúdios Compass Point, nas Bahamas, juntou-se a Alex Sadkin para formar a dupla de produção e chamou vários músicos, entre os quais Sly Dunbar e Robbie Shakespeare (uma das maiores secções rítmicas made in Jamaica, com obra assinada como Sly & Robbie). Juntos criaram Warm Leatherette em 1980, lançando bases para um momento maior que nasceria um ano depois, sem mexer muito nas peças em jogo. Editado em 1981 Nightclubbing apresenta uma série de versões e alguns inéditos. Entre as versões encontramos temas como I’ve Seen That Face Before, de Astor Piazzolla ou Nightclubbing de David Bowie e Iggy Pop (gravada no álbum The Idiot deste último), entre os inéditos surgindo o poderoso e fulgurante Pull Up to The Bumper (quem tem na própria Grace Jones uma das autoras e que havia sido composto para o álbum anterior mas acabado fora do alinhamento) ou Demolition Man (de Sting, que os Police gravariam pouco depois no álbum Ghost in the Machine). Animado por uma pulsão new wave, herdando sinais da cultura dub, e sob um vasto espetro de referencias, Nightclubbing foi o disco certo na altura certa na carreira de Grace Jones e em pouco tempo acabou mesmo reconhecido como a sua obra de referencia (estatuto que as vendas em quantidades folgadas também ajudou). Agora, mais de 30 anos depois o álbum conhece uma edição DeLuxe que junta ao alinhamento original – devidamente remasterizado – um segundo disco com as remisturas lançadas em máxis na altura, versões alternativas (como uma leitura dub de Pull Up to the Bumper sob o título Peanut Butter ou uma versão em espanhol do tema de Piazzola) e algumas canções extra, entre as quais uma versão de Me I Disconnect From You, de Gary Numan. Com uma capa icónica de Jean Paul Goode, regressa assim ao espaço das novidades um dos discos mais inesquecíveis da colheita de inícios dos oitentas.