terça-feira, maio 13, 2014

Novas edições:
Quantic, Magnetica


Quantic
“Magnetica”
Tru Thoughts
3 / 5

Apesar das suas origens inglesas, Will Holland, estabeleceu-se em 2007 na Colômbia, onde continuou a desenvolver uma obra que teve expressão em disco a partir de 2001 e em várias frentes, entre os títulos que apresentou como Quantic, os que editou pela Quantic Soul Orchestra ou nos vários trabalhos de colaboração nos quais foi participando. Magnetica é um disco que assinala o seu regresso à assinatura Quantic e, também, a um espaço de labor essencialmente eletrónico. O disco expressa uma identidade geográfica que toma as Américas por grande espaço de referências e influências a visitar, o alinhamento na verdade procurando, a cada nova faixa, uma experiência diferente, ora ensaiando caminhos mais próximos de ritmos latino-americanos, (valorizando sobretudo a cumbia), os espaços do dub e arredores, as músicas do Brasil, ensaiando cruzamentos de ideias e temperos, por vezes com uma arrumação de tema a tema que quase sugere uma coleção de postais ou uma visita a uma montra de uma loja de viagens. Se por um lado esta dispersão por fontes de exotismo é coisa já algo estafada (depois de ter conhecido alguns momentos maiores em cruzamentos da cultura pop com world music nos anos 90), por outro há no alinhamento de Magnetica alguns momentos que revelam um saber na escrita de canções que transcende os sabores com as quais são depois moldadas. São os casos de You Will Return, de alma mais clássica, com Alice Russell, de Duvidó, belíssimo single de apresentação onde conta com a colaboração vocal de Pongo Love (dos Buraka Som Sistema) na construção de uma batucada digital com brisa africana, no solarengo flirt dub de Caruru, com Iara Rennó ou na mais simples luminosidade quase pop de Painting Sillouettes (por conta do próprio Will). A excessiva dispersão de ideias quase dilui contudo estes momentos maiores num alinhamento onde o tempero dos exotismos locais escapou da mão do músico e deixa um certo sabor a galeria de postais. Seja como for, a world music deste início de século XXI é por estes caminhos que afirma as suas novas demandas de identidade.