segunda-feira, abril 14, 2014

Clássicos da Eurovisão:
Domenico Modugno (1958)


A um mês da edição 2014 do Festival da Eurovisão vale a pena lembrar que nem sempre o concurso foi coisa de anorética dieta de ideias. É certo que raramente lançou novas ideias musicais e convém ter em conta que sempre foi um espaço para a canção ligeira (e nada de errado com isso!)... Mas houve tempos em que não só juntava nomes de relevo como também canções com pés e cabeça capazes de ajudar a contar a história do ano pop(ular) em curso para além da noite do desfile de concorrentes e dos votos logo a seguir. É bem verdade que o crescimento da fatia pop/rock no grande mercado discográfico a partir dos anos 60 foi afastando gradualmente o certame do gume das atenções dos compradores de discos, até que em meados dos oitentas o divórcio se tornou demasiado evidente e o desinteresse de quem canta, edita e divulga música mergulhou o Eurofestival numa espiral descendente que, salvo em pontuais momentos, não mais mostrou capacidade de inscrever as canções na agenda dos acontecimentos do ano. A chegada dos países de Leste nos noventas revitalizou entusiasmos no lado de lá da Europa, ao mesmo tempo que na euro-zona eurovisiva tradicional o concurso, mesmo mantendo um apelo televisivo popular, começava a gerar um fenómeno de culto. Há por isso uma história musical e também sociológica do fenómeno eurovisivo por fazer.

Não é essa a ideia que aqui lançamos. Mas vamos recordar algumas canções que aqui nasceram. Talvez mais antigas que mais recentes. Mas que mostram como por este concurso passaram alguns momentos que vale a pena não deixar de inscrever na história da canção popular.

Começamos com uma viagem a 1958. Era o terceiro ano em que se realizava o Festival da Eurovisão. E, sem a presença do Reino Unido, este foi, juntamente com o concurso de 1956, um dos dois em que não se escutou qualquer canção em língua inglesa. A vitória sorriu ao francês André Claveau, com Dors Mon Amour. Mas a canção que fez carreira global depois do concurso foi a representante da Itália. Cantada por Domenico Modugno (e vencedora em San Remo), Nel Blu Dipinto Di Blu, depois universalmente conhecida como Volare, tornou-se de resto no primeiro êxito maior com berço eurovisivo.

A canção ganhou outras vidas depois da versão original, sendo gravada por inúmeras outras vozes. David Bowie assinou em 1986 uma das versões para a banda sonora do filme Absolute Beginers, de Julian Temple.

Podem recordar aqui o momento em que Domenico Modugno apresentou a canção, em 1958.