Suzanne Vega
“Tales From The Realm of the Queen of Pentangles”
Cooking Vinyl
4 / 5
Já passaram sete anos sobre o lançamento de Beauty & Crime, o que não foi sinónimo de um hiato feito de silêncio para Suzanne Vega. Uma das mais aclamadas cantautoras norte-americanas reveladas nos oitentas, optou por regravar canções da sua obra em novos arranjos (de contenção minimalista), apresentando esses temas em quatro álbuns onde as canções foram arrumadas por linhas temáticas: canções de amor, pessoas e lugares, estados de alma, canções de família. Apresentou-os como uma série sob o título Close Up, lançando-os pela sua própria editora, entre 2010 e 2012. Agora regressa aos originais e a uma paleta instrumental mais elaborada, num novo disco de canções a que dá o longo título de Tales from the Realm of the Queen of Pentacles, que poderia sugerir uma inflexão de percurso para eventuais terrenos de misticismo e narrativas ao jeito das aventuras discográficas dos dias do rock progressivo. Mas nada disso. E este é um álbum que em tudo assegura uma continuidade para uma obra que sempre valorizou a estrutura da canção, a clareza da voz, a força da lírica e um gosto pela exploração discreta de cenografias distintas de quando em vez. É tudo isso o que reencontramos neste seu novo disco. A voz dialoga de raiz com a guitarra, mas os arranjos não fecham a porta a outras causas, revelando mais que os pontos de partida folk rock de há quase 30 anos e contando com a ajuda de colaboradores de Bowie entre os músicos que levou a estúdio. E em Don’t Uncorck What You Can’t Contain chega mesmo a samplar um tema de 50 Cent (fazendo o que vários textos têm assinalado como uma forma de reagir ao modo como, ao longo dos anos, o seu Tom’s Diner foi assimilado e citado por figuras da cultura hip hop). Talvez não haja no alinhamento, como também já foi notado, um Luka, uma daquelas canções que saltam do alinhamento dos álbuns e ganham vida por si mesmas. Mas este é mais um exemplo da maioridade de uma voz criativa que, desde há vários anos (e vários discos) nos habituou a um respeitável patamar de exigência. Não será um marco maior na sua carreira. Mas confirma que Suzanne Vega está de volta, de boa saúde e (novamente) se recomenda.