Nome central na história da cinematografia húngara, Miklós Jancsó faleceu no dia 31 de Janeiro, vítima de cancro no pulmão — contava 92 anos.
Realizando títulos como Os Oprimidos (1965), Vermelhos e Brancos (1967) ou O Salmo Vermelho (1972), este último distinguido com o prémio de realização em Cannes, Jancsó afirmou-se através de um estilo monumental em que as referências históricas mais realistas surgiam enquadradas por uma peculiar energia metafórica. Daí que o seu trabalho, também muito ligado à área documental, possua uma duplicidade essencial: por um lado, visava denunciar os abusos do regime comunista húngaro; por outro lado, ambicionava uma visão metafórica das relações de poder, nessa medida apelando a extrapolações mais ou menos universais — uma coisa e outra valeram-lhe também, por vezes, as mais diversas acusações de "formalismo". Vale a pena recordar as proezas de Jancsó com o plano-sequência, concebido como um "bailado" de complexa coreografia [exemplo/video: extracto de O Salmo Vermelho] — nesse aspecto, Béla Tarr, o autor de O Cavalo de Turim, é um herdeiro directo de Jancsó.
Embora tivesse mantido uma actividade regular até 2012, Jancsó deixou de ter a divulgação internacional de outros tempos (inclusive em Portugal, onde os seus filmes, na década de 70, suscitaram apaixonados debates políticos e estéticos). Em 1990, o Festival de Veneza homenageou-o com um Leão de Ouro pela sua carreira.
Embora tivesse mantido uma actividade regular até 2012, Jancsó deixou de ter a divulgação internacional de outros tempos (inclusive em Portugal, onde os seus filmes, na década de 70, suscitaram apaixonados debates políticos e estéticos). Em 1990, o Festival de Veneza homenageou-o com um Leão de Ouro pela sua carreira.
>>> Obituário no jornal Le Monde.