SORRISOS DE UMA NOITE DE VERÃO (1955) |
Grande acontecimento em Lisboa e Porto (e mais algumas cidades): a apresentação de 17 filmes de Ingmar Bergman (1918-2007), a maior parte em cópias restauradas — razões de sobra para rever algumas imagens emblemáticas da filmografia do mestre sueco.
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Com o seu impecável traje de noite, Gunnar Björnstrand não está a introduzir uma nota cómica no meio de um drama de Ingmar Bergman... Nada disso: ele está mesmo no interior de uma comédia visceral, ironicamente consagrada na filmografia de Bergman como o filme que lhe trouxe uma dimensão internacional, em especial através da sua passagem em Cannes/1956 (no mesmo ano em que o festival acolheu, por exemplo, Pather Panchali, de Satyajit Ray, O Homem que Sabia Demais, de Alfred Hitchcock, ou ainda o derradeiro filme de Humphrey Bogart, A Queda de Um Corpo, de Mark Robson). A partir das atribulações de vários casais, num contexto campestre, algures na alvorada do séc. XX, Bergman encena os êxtases e ilusões do impulso amoroso, por certo, como sublinhou Pauline Kael, ainda influenciado pelo facto de, imediatamente antes, ter dirigido em palco a opereta A Viúva Alegre. Para a história, ficam dois herdeiros muito directos de tais atribulações: o musical A Little Night Music, de Stephen Sondheim (estreado na Broadway em 1973), e o filme Uma Comédia Sexual numa Noite de Verão (1982), de Woody Allen.