quarta-feira, janeiro 08, 2014

Uma canção dos Pet Shop Boys,
por Isilda Sanches

Num ano em que os Pet Shop Boys vão ser aqui uma presença regular, pedimos a amigos que nos falassem da sua canção preferida da já longa obra do duo. E hoje recordamos um single de 1985 aqui evocado por Isilda Sanches (da rádioOxigénio). Um muito obrigado à Isilda pela colaboração.

Normalmente, sobretudo nos anos 80, descobria música porque a ouvia na rádio. Lembro-me perfeitamente disso ter acontecido com o Rapper’s Delight, que ouvi por volta das 2h numa tarde de Primavera depois da escola, acho que no TNT-Todos no Top (programa de Jorge Pego e Manuela Moura Guedes), onde me lembro também muito bem de ter descoberto o Hardcore 1º Escalão dos GNR. Os A Certain Ratio, por exemplo, descobri-os porque ouvi no Dois Pontos, um programa que passava álbuns na íntegra, e nem me façam começar a discorrer sobre as verdadeiras aulas de educação musical que eram O Som da Frente ou as Noites de Luar. Mas no caso dos Pet Shop Boys tenho a certeza que a primeira vez que ouvi West End Girls foi quando vi o video. Não me lembro é se foi no Vivamúsica ou outro programa (Videopolis do Alvaro Costa?). Lembro-me que na altura já andava armada em vanguardista e a gabardina do Neil Tennant, longa e preta, com ar de que tinha saído das páginas da Face, foi o que começou por me prender. Focada no lado estiloso (como toda a gente, tive um crush por Neil Tennant) acabei por dar atenção à música: começa discretamente, é elegante, até mesmo blasé, com as cordas e o som sintetizado a criar uma espécie de fantasia, uma névoa irreal, reforçada pelas imagens do vídeo. A letra era críptica, não-sei-o-quê de ser melhor estar morto e haver um louco na cidade e rapazes e raparigas, mas, mesmo não percebendo muito bem onde queriam chegar (parecia-me tudo vagamente existencial e irónico, o que era ótimo) impelia-me a dançar, ou algo parecido, menear a cabeça ou a anca, abanar ligeiramente como uma árvore de pés presos ao chão. Até hoje é a minha canção preferida dos Pet Shop Boys, uma das maiores dos anos 80 (das grandes da história da pop!), de que me lembro sempre que ouço o Unfinished Sympathy dos Massive Attack (mas de que gosto mais).